quinta-feira, 15 de março de 2012

Ensaio do dia 15.02

Hoje uma surpresa. Compareceu ao ensaio o Regente da Orquestra que também é diretor musical do Theater Freiburg. A presença do Regente  trouxe uma qualidade diferente ao canto e às cenas. É como se harmonizasse toda a estrutura e obrigasse os cantores a seguirem um mesmo fluxo. Vamos ver como isto evolui no decorrer dos próximos ensaios.

Surgiu uma questão no ensaio que me fez refletir sobre a relação entre impulso espontâneo/primeiro impulso e lógica de cena.
Um dos cantores respondeu a uma intervenção do diretor com a alegação de que fazia de determinada maneira, pois, estava respondendo aos impulsos. Contudo, a concepção e o contexto da cena propunham outra composição. Não falo apenas de composição formal, mas, de lógica de ação. O óbvio e até clichê naquela situação seria exatamente a reação do primeiro impulso. Mas, potente dentro da lógica da situação do ponto de vista da recepção e, mesmo como atitude ativa e organicamente interessante, era outra composição.

Na cena em questão, um pai descobre um corpo e vê sua filha morta. O impulso é não querer ver, se afastar para o lado oposto ao do cadáver. Contudo, uma pessoa em estado de choque na vida real possivelmente se paralisaria diante da cena como se quisesse confirmar o que seus olhos estavam vendo.

A proposta foi experimentada e comprovou-se que funcionava melhor do que a alternativa apresentada pelo "primeiro impulso". Muitas vezes, talvez, o primeiro impulso não é o mais criativo e verdadeiro. Faz-se necessário mergulhar na lógica da cena, da situação e do efeito de recepção pretendido.