segunda-feira, 9 de julho de 2012

Ópera Alemã Inspirando Futuros Artistas no Interior do Rio Grande do Sul

Dia 13 de junho de 2012 embarquei para o Rio Grande do Sul para cumprir a Contrapartida Social que havia proposto ao Edital de Intercâmbio e Difusão Cultural do Ministério da Cultura que viabilizou minha participação na produção de Rigoletto no Theater Freiburg.

Desembarquei na quarta-feira em Porto Alegre e segui de ônibus até Santa Maria no centro do Rio Grande do Sul. Na cidade da boca do monte, fui recebido pelo amigo Pablo Canalles, também coordenador do Curso de Bacharelado em Artes Cênicas da Universidade Federal de Santa Maria onde eu, 4 anos atrás concluí minha formação superior.

Na quinta-feira, dia 14 de junho iniciariam as atividades de: "Ópera Alemã e Encenação Contemporânea - entre tradição e modernidade". Uma palestra e uma oficina para a comunidade acadêmica do curso de Bacharelado em Artes Cênicas e Música da UFSM.

Cheguei cedo à UFSM na quinta. Foi mágico retornar aqueles corredores com tantas histórias. Reencontrar professores e entrar novamente no Teatro Caixa Preta onde eu havia trabalhado como bolsista de extensão. Os bolsistas atuais estavam a minha espera para me assessorar na organização do espaço para a palestra e depois para a oficina.

A palestra integrou a programação do Preta Café, evento organizado pelo Teatro Caixa Preta nas quintas-feiras entre 13h e 14h. De posse do material que eu havia organizado, iniciei minha ação cujo objetivo principal era despertar naquela jovens cabeças o gosto pela ópera e apresentar à eles um universo diferente de produção cênica, o do Stadttheater.

A noite, começaria o workshop. Entendi que a dinâmica deveria seguir a estratégia da palestra, ou seja, apresentar a linguagem e instigá-los para pensar nela no que diz respeito ao potencial de encenação. Trabalhamos a ópera como uma arte que permite efetivamente um trabalho de encenação, de espetacularidade.

Através de exemplos audiovisuais e depoimentos da experiência por mim vivenciada, busquei levá-los a lógica de concepção artística e da atualização do texto clássico na ópera moderna. Estes encontros duraram duas noites, quinta-feira e sexta-feira. Ao final, rumei para Santo Cristo/RS, minha cidade natal, onde na segunda-feira, dia 18 de junho iniciaria a mesma atividade.

Na segunda-feira, dia 18, de manhã, segui para a Secretaria de Educação e Cultura do Município de Santo Cristo. A equipe da secretária Sra Marli Kreutz estava reunida em reunião e fui carinhosamente acolhido por todos. Fui apresentado aos que não me conheciam e empreendemos um curto bate-papo sobre a atividade que eu realizaria na cidade. Fui informado de que haviam selecionado um grupo de alunos das escolas públicas (municipais e estaduais) do município e que estava tudo pronto para a palestra na quarta-feira. Esta, ocorreria no Centro Cultural do Município e estaria aberta à toda a comunidade.

Agradeci imensamente o cuidado da secretaria e declarei meu encantamento pela organização daquela pasta. Pareceu-me uma secretaria efetivamente empenhada na melhora do sistema educacional e na formação daquelas crianças.

Santo Cristo é um lugar especial uma vez que sua história traz consigo a história da colonização alemão no Estado do Rio Grande do Sul. É uma pequena cidade agrícola na qual a população cultiva a cultura dos antepassados colonizadores. O idioma alemão ainda esta vivo nas ruas da cidade, nas casas de famílias mais tradicionais, em celebrações e festas religiosas, na Oktoberfest e nos grupos de danças folclóricas alemãs que se mantém na cidade.

Ao contrário de Santa Maria, em Santo Cristo a oficina ocorreu antes da palestra. No mesmo dia 18 pela tarde iniciei os trabalhos com os meninos e meninas que haviam se inscrito. Compareceu, também, a professora Jacinta Rüdell, professora de língua alemã e coordenadora do movimento folclórico. Jacinta enfatizou a importância da atividade para trabalhar o interesse pela cultura dos seus antepassados e para a importância de fortalecer os laços como estratégia de fortalecimento da própria identidade brasileira em sua diversidade.

Minha missão na oficina estava na apresentação daquela expressão artística vista como chata e cansativa. Busquei apresentar à eles o repertório de Mozzart, de Bethowen e também de Puccini e Wagner. Isto fiz por meio de materiais visuais e outros apenas sonoros. Depois, empreendemos um exercício por meio do qual buscamos conceber possibilidades de encenação para o que estávamos ouvindo. Disto, surgiu a ideia de criarmos pequenas cenas para serem apresentadas no Centro Cultural de Santo Cristo na noite da palestra. Todos entraram de cabeça na ideia e nos dois dias de atividade que seguiram trabalhamos para selecionar as cenas, ensaiá-las, pensar nos figurinos e etc. A estratégia que adotei foi a de intercalar cenas encenadas com videos que os solistas cantam trechos musicais. Exploramos o singspiet, genero operístico que intercala cenas cantadas com cenas faladas e que caracteriza óperas como "A Flauta Mágica" de Mozzart e "Fidélio" de Beethoven.

O mais interessante foi perceber que eu estava conseguindo levar aqueles jovem a gostarem da ópera. Eles estavam gostando de ouvir e pensar sobre além de imaginar as encenações. De outro modo, uma outra faceta da cultura alemã estava sendo apresentada a eles e elas. Tudo isso, somado a empolgação de poderem apresentar um espetáculo na quarta-feira que se aproximava, levou todos ao mais absoluto êxtase estético.

Deixo o relato e apresento a seguir algumas fotos: